domingo, 17 de junho de 2007

Geração desenrasca com apenas mil euros

Geração desenrasca com apenas mil euros

Têm entre 20 e muitos e 30 e poucos anos. São licenciados, pós-graduados, mestres. Pensavam que o canudo era a garantia de uma vida desafogada. Mas enganaram-se redondamente.

“O mileurista é um jovem licenciado, com conhecimento de línguas, pós-graduações, mestrados, cursos (...) que não ganha mais de mil euros. Gasta mais de um terço do seu salário na renda porque gosta de viver no centro da cidade. Não consegue poupar dinheiro, não tem casa própria, não tem carro, não tem filhos, vive um dia de cada vez... às vezes é divertido, mas cansa (...)” - assim escreveu Carolina Alguacil na carta que, em Agosto do ano passado, enviou ao jornal espanhol ‘El Mundo’.

Carolina tem 27 anos, reside no centro de Barcelona, trabalha numa agência de publicidade e assume “Soy mileurista”, termo que inventou.

Que esta geração – ou, como se tem escrito, esta “nova classe social” – não é exclusiva da Espanha atestam-no investigadores como Louis Chauvel, professor de Ciência Política, que, em entrevista ao jornal francês ‘Nouvel Observateur’ afirma: “Os novos pobres são os jovens.” Segundo Chauvel, os pobres do século XIX e do princípio do século XX – operários desqualificados, agricultores, idosos – pertencem a uma sociedade em vias de desaparecimento.

Carolina escreveu a carta ao ‘El Mundo’ depois de ter passado férias em Berlim, onde encontrou jovens adultos como ela: licenciados e mal pagos.

PROJECTO ADIADO

A maioria pôde estudar mais do que os pais e pensava que viveria melhor do que eles. Afinal, não foi bem assim. Uma breve radiografia dos mileuristas.

EM CASA DOS PAIS

Dois terços dos jovens europeus vivem em casa dos pais. De acordo com o Eurobarómetro, as raparigas saem, em média, com 23 anos. Os rapazes abandonam o ‘ninho’ aos 26. Existem diferenças consideráveis entre o norte e o sul da Europa. No norte os jovens são independentes mais cedo.

EMPREGO E CANUDO

Em Março mais de 42 mil licenciados estavam desempregados, o que representa uma subida de 14,1% relativamente ao mesmo período de 2005. Dados do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP)revelam que o desemprego apenas aumentou entre os licenciados.

HABILITAÇÕES A MAIS

Só metade dos licenciados com idades entre 25 e 34 anos da UE executa funções de acordo com o grau de habilitações. Em países como a Espanha tal percentagem situa-se abaixo da média, ao contrário do que sucede em Portugal, Alemanha, Luxemburgo, Hungria, Polónia e Eslovénia.

TRABALHO TEMPORÁRIO

Ao contrário da maior parte dos países da UE em Portugal o emprego temporário é uma realidade mais próxima das pessoas com habilitação superior, por comparação com os menos qualificados. Estes, bem como os detentores de formação média, gozam de maior segurança no emprego.

OPINIÃO DA JORNALISTA DULCE GARCIA


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