quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Nem sei que nome dar...

Por vezes o pássaro da minha alma diz-me coisas que me destroem.
Li um dia que o pássaro da alma somos nós, no fundo bem lá no fundo.
Chorei, como choro todos os dias quando o ouço. Assim que me deito, até mesmo no pequeno trajecto que faço quando vou para cama, rezo com toda a fé pedindo a meu pai que me ajude a dormir serena, muito serena.
32 anos e o cenário não muda. Tudo continua como sempre esteve. Podem mudar as personagens, a história, mas o final é sempre o mesmo. Nunca muda!
Estou cansada de pedir descanso, de não ter descanso, estou mesmo cansada.
Enquanto escrevo o que o pássaro da alma me diz, penso no nome que poderia dar a este post: Confissões de uma Mulher. É, pode vir a ser este o nome porque realmente eu aqui me confesso.
Não entendo o porquê de toda esta mágoa.
Não percebo porque razão não me permito nem nunca permiti dizer o que sinto, mostrar quem sou de verdade.
Queria que o pano caísse e que todos (até mesmo eu) vissem o sangue que guardo em mim, as lágrimas que me invadem.
Sinto-me só.
São 32 anos e ainda me sinto só.
Tudo à minha volta se vai transformando, todas as peças se vão encaixando, no ensaio, claro! Porque no dia da estreia da peça tudo volta ao mesmo.
Apercebo-me que mais uma vez abri a gaveta errada do pássaro da minha alma. Sim, ele é constituido por gavetas, onde vou encaixando todos os pedacinhos da vida.
Nestas últimas noites em que a reza se tornou mais intensa e o desespero tomou conta de mim, eu por serenos segundos sorri e pensei - mais uma vez tudo desarrumado.
As emoçoes, os sentimentos, as vivências estão do avesso.
No ensaio, sou forte, sou bem disposta, tudo corre, nao há problemas, estou rodeada de amigos, de gente que gosta de mim, nunca me senti usada, sou inteligente, sou aquilo que digo em voz alta e escrevo muitas vezes UMA ESTRELA!
Na estreia, ao ouvir o pássaro da minha alma, choro, mesmo no caminho que faço para chegar à cama.
Sinto-me só.
Estou só.
Rio mesmo sem vontade porque esperam que eu ria, que eu mande aquela boca, que diga aquela asneira que poucas mulheres dizem. E eu digo.
Na conversa com o pássaro ele explica-me e aí eu choro. Mais uma vez na estreia o pano subiu e não caiu. Estou cansada. Mesmo cansada.
Numa das gavetas, eu arrumei o que me disseram um dia:"Quem não aparece não é lembrado" e passado alguns anos o pássaro diz-me que mesmo que apareça, as pessoas não se lembram. Sou eu que as procuro, sou eu que vou ter com elas, sou eu que me ofereço.
Tenho medo de ficar sozinha.
Sinto-me sozinha
Tudo avança e eu na conversa como meu pássaro percebo que ainda moro no mesmo espaço.
Tentei delinear o que tinha de fazer para mudar de casa. Mudei as personagens, o cenário, o guarda-roupa, o enrredo...e o resultado foi o mesmo.
Estou só
Sinto-me só
Quando estou comigo, tempo em que me permito desligar de todo este sentimento (cada vez tenho mais esse tempo) falam comigo, aparecem-me e dizem que me querem ajudar. Dizem-me o que vai acontecer, mostram-me o fundo das personagens mesmo não as conhecendo, protegem-me dizem eles.
Não quero, não queria, ser como sou.
Queria sentir-me bem comigo mesmo, sentir que gostam de mim, que sou uma peça no puzzle da vida de alguém.
Queria desligar e aceitar o que me está gravado no coração.
Cada vez mais me sinto só.
Queria dizer que não concordo, quando não concordo mesmo
Queria dizer que amo quando sinto vontade
Queria dizer realmente o que penso - pensamento bruto e não elaborado.
Queria ter mais mulheres a acompanharem e nao ser a única mulher entre os Homens mesmo sabendo que eles não me consideram mulher
Queria mostrar a menina que tenho cá dentro
Queria mostrar realmente como me chocam as palavras e o quanto as pessoas me mogoam
Queria que todos pensassem que tenho também sentimentos, que apesar do sorriso nem sempre está tudo bem.
Queria que se lembrassem de mim
Queria ser independente como todos pensam que sou
Queria pedir ajuda quando estou a precisar dela
Mas acima de tudo...
Queria sentir-me MULHER!

1 comentário:

Lady disse...

Revi-me em muitas dessas palavras... Acho que é mal das Joanas! :D N sou a melhor pessoa para dizer algo de confortante pq nunca o soube fazer! Digo-t apenas que me revejo nas tuas palavras! Força... para ti e para mim!