terça-feira, 11 de março de 2008

Um brinde ao amor

Queria escrever de alma aquilo que realmente me vem à cabeça. Queria que soubessem realmente o que penso, o que me vai na alma, mas não consigo. Não consigo porque nada do que escrevo é puro. É-me impossível transpor os meus pensamentos, porque o caminho que eles percorrem até este pequeno ecran transformam-nos. Ou é uma palavra mal escrita ou é uma letra perdida no teclado, há sempre algo que os modificam. Mas o que me revolta mais, é a procura da palavra mais correcta para descrever o que realmente penso.
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E penso muito.
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Penso que nasci com ele. Desde o momento em que fui planeada, concebida, ele sempre me acompanhou. Por ele a minha mãe sofreu. Foram nove meses com a esperança de que tudo ía correr bem. E correu.
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Fui acolhida pelos lençóis de uma das camas do hospital, pela parteira que imediatamente me recebeu em seus braços, pelos braços da minha mãe, pelo ombro do meu pai onde me colocou suavemente a cabeça (fora sem dúvida a melhor almofada até hoje). A mana que comigo partilhou quarto, pai e mãe. As amas que me deram toda a estrutura de uma vida.
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E ele sempre comigo.
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Ajudou-me a enfrentar a primeira birra, a primeira doença, o primeiro dia de creche, o primeiro grande amigo, a primeira grande zanga. Sempre comigo.
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Fui crescendo e vendo que estava sempre presente, no entanto, não pensava muito nele, não lhe dava importância, não me dirigia muito a ele. É no final da escola primária que ele entra na minha vida fazendo eco. O primeiro beijo! Lembro-me tão bem. Foi dado como se fosse proibido, como se de um pecado se tratasse (o outro entra na minha vida fazendo muito barulho, fazendo eco). O ciclo, o meu 1º namorado. Estava enamorada. Sentia-me mulher como se disso dependesse a minha vida. Veio a paixão arrebatadora. Sétimo ano, e eu perdidamente apaixonada. Por ele respirava, vivia os meu dias e aquecia o coração. Na adolescência fez com que o dissabor tomasse algumas vezes conta de mim. Tristeza, melancolia, decepção foram muitas vezes a roupa que vestia. O grupo de pares ganha referências e por ele fazia tudo. Qual pais, qual família. O grupo era tudo mesmo trazendo desencantos.
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Na faculdade, com ele sonhava. Era ali que íamos dar o abraço da felicidade. Para sempre! Mas não demos. Não foi ali que nos entendemos.
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O trabalho, a salvação para o nosso entendimento. Veio a grande amizade e aí sim fui capaz de o abraçar. Por ele, fiz e faço tudo. Sabia assim que tinha encontrado o meu vestido de gala. Era feito de retalhos de amizade. Que maravilha! Finalmente me sentia feliz. Estávamos de braço dado.
Os anos foram passando e realmente ele esteve sempre comigo.
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Hoje, na véspera de fazer os meus 33 anos, penso nele e dou-lhe muito valor. Sempre me acompanhou. É certo que me deu e dá muito dissabores. É certo que me deixa muito triste. Mas também é certo que nesta madrugada sou capaz de ver todas as suas caras. É o único que pode ter muitas caras. Todos os acessórios que usa, não passam mesmo disso, acessórios, meros adornos.
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Hoje penso nele e sou capaz de escrever: faz-me sofrer muito, dá-me muitas alegrias, é confortante, delicioso, arrebatador, marcante e é por ele que ainda estou aqui.
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Um bem haja para todos aqueles que amo!
Texto by JcL

6 comentários:

Anónimo disse...

Se queres amar, sofre...
O sofrimento é o alimento
do amor.
Imagina, Aquele que tudo podia receber
deu, e, não deu uma esmola, um emprego, um conselho,um presente.
Entregou-se ,Ele mesmo, em carne e osso por nós, e por aqueles como nós,
os outros.

Anónimo disse...

É que nem peço desculpa à entrada! Como? Gostava que me explicasses em pormenor essa noção do "trabalho, a salvação para o nosso entendimento"... Que é isto! Risca.

(espero poder ter espaço no vosso entendimento para, por vezes, falar assim, à vontadex)

Outro ponto: "se queres amar, sofre... o sofrimento é o alimento do amor"! Afirmações destas provocam AVC's. "Boçes Trabainde!".

O sofrimento é um dos "truques" de que o “universo” se mune para nos avisar de que nos estamos a desviar do nosso Caminho Pessoal de Amor; um sinal de um obstáculo a ultrapassar. O sofrimento é obstáculo e nunca alimento. Por isso, a sabedoria popular diz “um mal nunca vem só”, somos gulosos e teimamos em levar a nossa avante sem escutar nem reconhecer os sinais! A sabedoria popular diz também “depois da tempestade vem a bonança”, nunca perder a esperança! No Caminho do Amor há dificuldades, percalços, imprevistos, diferença, mas sempre a possibilidade de cumprir a nossa Lenda Pessoal! Peito aberto! Um facto, várias verdades. Um ponto de vista, a vista de um ponto. O amor tem olhos, escorrega pela mão e explode pela boca. Há Sol e Chuva, Dia e Noite, e nada disto é sofrimento. Integração, é disto que falamos. Caminhar no Amor, a cada novo dia, gesto, pensamento, é muito difícil, pois neste Caminho há um monstro a vencer: nós mesmos!

A cada um a sua verdade. E liberdade de expressão. O amor é aceitação.

...QUE VOA... disse...

tás em que patamar para poder explicar-me?

...QUE VOA... disse...

ok. já percebi. vou tentar explicar. no decorrer do texto eu falo de fases da minha vida e o trabalho é uma delas. quando entrei na faculdade ia com a maxima de que aí o ía encontrar. como nao o consegui, na fase seguinte (o trabalho) mantinha-se a esperança.
Faz-me sofrer sim, este sofrimento é o enfrentar-me, é enfrentar o outro, é tudo o que possas pensar. É o que para mim digo amar doi porque sofro por mim, comigo, pelo outro e com o outro.
Um problema de expressao

Anónimo disse...

xiiiiiiiii!

Anónimo disse...

Quando falei, o sofrimento é o alimento do amor, não estava a falar de um amor qualquer.Haverá amor mais sublíme, do que dar a vida, pelas ovelhas do seu rebanho?!
adri7